quinta-feira, 15 de julho de 2010

Stay on these roads





Então um dia você acorda e percebe que tudo aquilo que estava tão certo, tão organizado, tão supostamente bonitinho, foi para o ralo.
Sua vidinha modesta e pequena estava toda encaixadinha, tudo previsto e justo... cabum... virou pó.
Ok. Você precisava rever alguns conceitos, já havia pensado nisso milhares de vezes e sempre protelava pra outro momento, afinal nada tão urgente que não pudesse ser adiado alguns aninhos. Algumas mudanças podem ser boas, uma coisa aqui outra ali, nada muito radical... apenas ajustes, pequenos ajustes e tudo ficaria perfeito.
Não, não... perfeito é uma palavra muito forte, quase perfeito é ideal.
Seu corte de cabelo é o mesmo desde os 20 anos, você conserva bem as roupas, seu corpo não mudou muito. O rosto talvez, umas ruguinhas a mais, mas está bem conservada. Não tem muito estilo ou charme, mas tem personalidade... sempre teve e sempre acreditou que essa é uma característica forte e que te define.
Você é, acima de tudo, uma sobrevivente... a vida te põe de joelhos mas você levanta e se orgulha disso.
Vamos ver se sobrevive a mais esta.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Quíron e a ferida incurável

Mitologia: A sabedoria do curador ferido
O mito de Quíron se passa nas planícies da Tessália, região ao norte da Grécia, com o encontro entre Cronos (Saturno, o deus do tempo) e a ninfa Filira. Atraído pela beleza dela, o deus passou a perseguí-la, e Filira, para escapar a seu assédio, transformou-se numa égua. Mais esperto, Cronos assumiu a forma de cavalo e assim, conseguiu unir-se a ela.

Dessa união nasceu Quíron, o Centauro, com torso, braços e cabeça de homem e corpo e pernas de cavalo. Horrorizada ao ver o monstro que gerara, Filira
suplicou aos deuses que a transformasse numa árvore, desejo que foi prontamente atendido. Rejeitado e abandonado pela mãe, e sem jamais ter conhecido o pai, Quíron foi adotado por Apolo, o deus da música, da poesia, da medicina e das profecias, que lhe transmitiu muitos e ricos ensinamentos. Assim, sob a tutela de Apolo, Quíron tornou-se um sábio em inúmeras artes.

Sua fama espalhou-se pela região, e logo ele estava rodeado de discípulos, entre eles, os próprios Centauros, seres rebeldes e belicosos que habitavam o Monte Pélion, os filhos dos governantes dos pequenos reinos das proximidades, e numerosos heróis gregos, como Aquiles, Hércules, Ulisses e Jasão. Versado em medicina, botânica, astrologia, astronomia, ética, música, adivinhação e ritos religiosos, Quíron educava os jovens heróis com base nos dons individuais que identificava em cada um deles, preparando-os para que pusessem em prática seu potencial mais elevado e cumprissem seu destino. A Asclépio, por exemplo, ensinou os segredos das ervas medicinais e da cirurgia, fazendo-o desenvolver seus poderes de cura, pelos quais o discípulo viria a ser imortalizado. A Aquiles, deu aulas de cítara, além de instruí-lo para que se tornasse inteligente, corajoso e forte. E incentivou Jasão, príncipe herdeiro da cidade de Lolco, mas criado por ele desde criança, a partir da viagem para reclamar o trono que lhe fora usurpado.

Quíron já estava velho, quando certa vez, convidou o ex-discípulo Hércules para jantar. Os demais Centauros, que também estavam presentes, começaram a brigar entre si e foram atacados a flechadas pelo visitante. Hércules errou o alvo de uma das flechas, envenenadas com o sangue da Hidra de Lerna - monstro contra o qual lutara num de seus célebres trabalhos - e atingiu Quíron na coxa, causando-lhe uma grave ferida. Em conseqüência disso, o mestre passou a sofrer incessantemente: não conseguia curar o próprio ferimento, apesar de suas habilidades curativas, e tampouco podia morrer, por ser imortal.

Finalmente, após muitos anos, Quíron conseguiu se livrar de sua agonia, graças a uma troca de destino com Prometeu. Este titã fora acorrentado a um rochedo por Zeus, como castigo por ter roubado o fogo dos deuses para dá-lo aos homens. Como Quíron, ele também estava condenado a uma tortura eterna, pois todos os dias uma águia lhe bicava o fígado, que se recompunha a cada noite. De acordo com as ordens de Zeus, Prometeu só poderia ser libertado se um imortal se dispusesse a ir para o Tártaro (um dos infernos) e lá permanecesse, renunciando à sua imortalidade. Convencido por Hércules, que intercedeu a favor do antigo mestre, Zeus concordou com a troca. Assim, Quíron tomou o lugar de Prometeu e finalmente morreu. Depois de nove dias, foi imortalizado, na forma da constelação.