quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Poema para Sabrina

Nesses 39 anos de vida poucos presentes de aniversário me tocaram sensivelmente.
Fora aqueles presentes que os filhos fazem e que babamos, literalmente, em papéis amassados e rabiscos coloridos com escritas tortas nas quais traduzimos "mamãe eu te amo", apenas alguns outros mimos aqueceram meu coração.
Lá pros vinte e poucos anos conheci o Cláudio Bertrami (do Medusa), eu tinha cabelos bem curtos e vermelhos, tivemos uma empatia imediata e mais tarde cogitaríamos de escrever um livro juntos, projeto que não se realizou. O Claúdio resolveu passear pelo paraíso, via de mão única, mas deixou de lembrança uma música chamada "Pimenta" escrita pra mim. É emocionante receber um presente como este, não há como descrever.
Anos mais tarde conheceria o André, pianista do Hermeto, com quem passei quase quatro anos muito felizes. Tenho boas recordações dessa época e foi dele que ganhei "Pra Sá", uma música sensível e maravilhosa que tenho gravado em fita cassete (sim, ainda existe), e depois, na dor da separação veio "9 de outubro" data que marcou o início e o término de uma história.
Vieram também os poemas e os escritos do Mauro, do Cláudio, os desenhos e as palavras do Diogo.
São pessoas que me deram presentes muito especiais e que guardo na minha caixinha de lembranças, no centro das emoções mais preciosas.
Hoje, 26 de agosto, véspera do meu aniversário acordei com outro presente especial. Mais um que vai para o rol dos momentos inesquecíveis da minha vida. Um presente que veio do Flávio Berto, amigo de muitos anos  de quem recebi cartas (sim existem pessoas que escrevem cartas), que me apresentou
"O incrível exército de Brancaleone" e o capeletti quatro queijos do Dom Pepe. Sei que o poema é antigo, mas agora virou música e, confesso, foi emocionante relembrar e ouvir.
Valeu Flávio!
Esse aniversário será  inesquecível por causa de você.



Poema para Sabrina
Flávio Berto

Tez

tônica

tato, toque

em rima

maciez

carícias, olhares

prazeres, delírios

deliciosa nudez







Nuvem

afã

desejo de hoje

se vê no amanhã

Sonho, sonho!





Ponta, cascalho

fere sentimento

é gota de orvalho

escorre, esvai

rosto umedece

uma lágrima cai


Medo, ensejo

olhar carinhoso

vontade, desejo

um nó na garganta

começa o enredo

gosto, gostar

pequeno, mas forte

princípio de amar



Nuvem

se vai

visão céu aberto

estrela a brilhar

lágrima escorre

é o medo que sai

- Vontade louca

de te beijar!

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Inferno astral

Nunca acreditei em astrologia, mas admito que o conceito de inferno astral é bastante atraente.
Explicações fantasiosas para eventos funestos de nossas vidas, em geral, acalmam e dão sentido ao sofrimento.
Se é assim, então, encontro-me no auge do meu inferno astral.. Que delícia!
Até dia 27 estarei a deriva, depois desse dia, espero voltar à minha vidinha paranóica habitual.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Not so good

Quando você percebe que não dá conta dos seus problemas e conflitos é importante que tenha a humildade para admitir a impossibilidade. Está na hora de procurar ajuda.
Depois de vários dias sentindo que venho numa descrescente de humor e vontade, resolvi usar os recursos que conheço. Não quero cair, não vou esperar que as coisas se ajeitem por si, vou buscar o que preciso.
Ironicamente este final de semana, assisti um episódio dos Simpsons aonde a Lisa toma consciência de que em 50 anos Springfield vai acabar e entra em depressão profunda. Os pais a levam a uma psiquiatra que receita um remédio chamado "ignorall" e, então, ela passa a enxergar as pessoas com carinhas felizes mesmo em situações trágicas.
Tive uma imensa vontade de correr na farmácia pra saber se realmente existe tal remédio, uma pílula da alienação total.
Há algum tempo sonho com animais nojentos, baratas e outros bichos. Eles aparecem no copo de bebida, na comida, na casa, nas mãos das pessoas que estão comigo. Esta noite sonhei com baratas com pêlos e vários olhos. Seriam apenas sonhos se eu não trabalhasse com isso e não soubesse que existe um significado. Às vezes queria não saber, a ignorância pode ser confortável.
Preciso me cuidar...

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Life is good I




Cena no. 1: a mãe escova os dentes no banheiro, o filho entra e diz:
-Piadinhaaaaa.....
- Hum? - grunhe a mãe
- Mãe, você sabe como o Batman e o Robin se conheceram?
- Hummmmm - mãe finge pensar, afinal não vai estragar o gran finale.
..... alguns segundos depois....
- Como? - pergunta incrédula
- Num bate-papo...hahahahaha

Assim começou meu dia hoje.
Valeu Dudu!

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Asas


Nestes dias frios sempre tenho uma sensação de vazio, de falta. Às vezes penso que é a temperatura, às vezes uma saudade não sei de que, uma nostalgia sei lá de onde. Pra aplacar esse sentimento deixo a fantasia rolar solta (acho que sou especialista nisso) e me entrego aos devaneios da minha imaginação.
Fazia tempo que isso não acontecia e, confesso, estava com um pouco de saudade. Não faz bem viver 100% na realidade, desgasta e envelhece.
Apesar dos meus quase 40, tenho a alma adolescente, penso que fiquei presa em algum lugar entre os 17 e 23 anos, duas idades que me marcaram. Fui uma adolescente que sofria demais, em geral por amor não correspondido, talvez por isso hoje me sinta assim... essa nostalgia do encantamento...
Penso que esse é o motivo dos romances mexerem tanto comigo, nos filmes, livros, músicas, histórias, enfim.
Sempre fui Cinderela, imaginava um destino de grande romance, mas a vida não é assim. As coisas são o que são, assim como as pessoas. Na prática do dia-a-dia o romance não tem muita serventia, ou tem? Talvez como refúgio (e acredito que este seja meu caso).
Por isso, durante o meu dia, por vezes fecho os olhos e me deixo transportar para outro lugar, outra história. Como se fosse uma personagem de um filme. Faço uma história, crio um enredo, trilha sonora é fundamental, e este é o meu mundo particular. O lado B, uma felicidade diferente, que nada tem haver com a felicidade da vida real. É apenas outro lugar, menos adulto e racional. Um lugar atemporal, onde o que vale é apenas a minha vontade.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Um pouco disso, um pouco daquilo


Hoje no trânsito, a caminho do consultório para mais um dia de trabalho, tive uma espécie de sonho acordado, uma ilusão ou alucinação... sei lá.
Foi uma percepção repentina e assustadora. Tive a impressão que meu carro voltava a rua de ré numa velocidade inacreditável, apertei o pé no freio bem forte... eu sabia que não saíra do lugar, que era uma falsa percepção, mas mesmo assim meu coração disparou e suei.
Logicamente, como psicóloga não poderia deixar de pensar no significado disso. Vício da profissão, buscar o porque das coisas. Tudo o que me veio em mente foi "falta de controle", "movimento regressivo" e "medo"... muito medo.
Automaticamente lembrei da conversa que tive com um amigo pouco antes de sair de casa, infelizmente não posso revelar o conteúdo da conversa, outro vício da profissão, o sigilo.
Mas penso que compreendi a sensação e , por um segundo, antes do farol abrir puxei o freio de mão, fechei os olhos e me entreguei à sensação de montanha russa, queda livre de costas, sentimentos desenfreados, impotência.
Às vezes os sentimentos são tão concretos que poderíamos pegá-los nas mãos.
Para Luís Gustavo