terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Da inocência da pergunta à paciência para respondê-la


A curiosidade pode ser uma benção, mas também uma tragédia. A natureza curiosa e inventiva das crianças nos colocam em situações difíceis, impensadas.
As perguntas fantasiosas, muitas vezes exigem respostas fantasiosas e, para tanto, precisamos entrar em contato com as nossas próprias fantasias de criança. Aquelas que ficaram guardadas a sete chaves ou caíram no esquecimento promovido pelo "amadurecimento", pela idade, pela vida (ou outras tantas desculpas que encontramos para justificar nossa ignorância e afastamento do mundo infantil).
A verdade é que somos muito burros. Não nos equiparamos, em inteligência e esperteza, a uma criança de tres anos. Devemos admitir que eles estão muito além do que fomos e somos.
Li um texto da Denise Fraga (a atriz mesmo) no qual conta sua experiência com o filho. Em um determinado momento o pai diz: "fulaninho, fecha a boca e come", expressando sua total falta de tolerância com o filho que estava à mesa, agitado e impaciente. E ela descreve, então, a expressão de incompreensão no rosto do menino tentando imaginar como seria comer de boca fechada.
É aqui que mora a incoerência adulta.
Ontem, meu filho de tres anos disse: "mamãe, quando o pássaro pára, ele cai". Fiquei imaginando a cena, um pássaro em pleno vôo, pára e despenca. Num primeiro momento pensei em dizer: "não, meu filho, ele plana", ou dar qualquer outra explicação racional e realística. Em seguida desisti e respondi com um sonoro "é mesmo?! ele cai? será?". Então pude perceber que aquilo foi pura poesia, poesia de uma mente pura.

Um comentário:

Tatíssima Martinelli disse...

ah, eu conheço muito bem esse moleque, ele vive num filme de ação em 3D!!!